9 de dez. de 2013

Fumo passivo pode afetar memória e capacidade de aprendizado







Experimentos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP demonstraram que a exposição de animais à fumaça de cigarro logo após seu nascimento induziu alterações em processos críticos do desenvolvimento do sistema nervoso central e a diminuição da atividade locomotora na infância e na adolescência. Os testes foram feitos em camundongos durante a pesquisa de doutorado da farmacêutica Larissa Helena Lobo Torres. Segundo a OMS, 40% das crianças no mundo são expostas ao fumo passivo

De acordo com o estudo, a fumaça de cigarro prejudicou os processos de mielinização (formação da bainha de mielina que é a camada protetora dos neurônios) e de sinaptogênese (formação e refinamento das sinapses). "Nossos resultados sugerem que, com a exposição à fumaça do cigarro não há reversão dos efeitos observados no aprendizado e memória ou mesmo nos níveis das proteínas pré-sináptica na adolescência e na fase adulta", aponta a farmacêutica.

"Até o momento, este é o único estudo experimental em roedores que associa dados bioquímicos e comportamentais ao avaliar os efeitos do fumo passivo no inicio do desenvolvimento do sistema nervoso central e as possíveis consequências na adolescência e na fase adulta, dos animais", destaca a pesquisadora. De acordo com ela, a exposição à fumaça do cigarro ocorreu durante as duas primeiras semanas de vida dos camundongos.
Os animais foram expostos à fumaça de cigarros 3R4F, que foram produzidos pela Universidade de Kentucky (EUA) exclusivamente para pesquisa. "Realizamos a exposição com uma mistura de fumaça central e fumaça lateral numa câmara de polipropileno", explica. A fumaça lateral é a que sai pela ponta acesa do cigarro e a central é aquela que é tragada pelo fumante. Os animais foram expostos à fumaça duas vezes por dia, durante uma hora no período da manhã (8 horas) e uma hora à tarde (16 horas). Foi utilizado um sistema que produz vácuo e que permitiu que a fumaça fosse ‘tragada’ pelos animais. Os camundongos foram avaliados na infância, com 15 dias de vida; na adolescência, com 35 dias; e na fase adulta, com 65 dias.

"Realizamos ainda estudos comportamentais para avaliar os efeitos da fumaça do cigarro na aprendizagem e memória, na atividade locomotora e ansiedade", relata a pesquisadora, que completa: "Estes dados são condizentes com outra pesquisa que demonstrou que crianças e adolescentes expostos ao fumo passivo apresentam deficiência de aprendizado evidenciado por um pior desempenho escolar. Em conjunto, esses resultados representam uma ferramenta que pode direcionar futuras pesquisas que visem a prevenção dos danos causados pelo fumo passivo", estima a pesquisadora.

O fumo passivo é um problema de saúde pública e diversos trabalhos comprovam os prejuízos causados por essa exposição, principalmente no sistema respiratório. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% das crianças no mundo são expostas ao fumo passivo, que é responsável por elevada morbidade respiratória e mortalidade em crianças de baixa idade.

"Apesar desses dados, poucos trabalhos têm como foco os efeitos do fumo passivo no SNC, em especial, durante o período de desenvolvimento", finaliza a farmacêutica.
 
Fonte: consumidormoderno.uol.com.br
* Com informações da Agência USP
 
 
 
 
 


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