31 de dez. de 2013

Vendas de Natal foram as mais fracas dos últimos anos

 
 
 
 
 
Com crédito escasso e dólar e juros mais altos, comércio teve crescimento bem aquém das temporadas passadas; nas contas da Serasa, resultado de 2013 é o pior em 11 anos
 
 
O modelo de crescimento da economia baseado no consumo, que já veio dando sinais de enfraquecimento ao longo do ano, mostrou a sua cara no Natal, a principal data para o comércio.
 
Quatro levantamentos preliminares de vendas, todos de âmbito nacional, apontam para a mesma direção: este Natal teve a menor taxa de crescimento de vendas dos últimos anos, o que sinaliza um começo de ano morno para a indústria.
 
Nas contas da Serasa Experian, por exemplo, o acréscimo de vendas na semana do Natal foi de apenas 2,7%, a variação mais baixa em 11 anos. Até os shopping centers, que normalmente esbanjam otimismo, ficaram decepcionados.
 
Pesquisa da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop) indica que o faturamento do Natal deste ano empatou com o de 2012, considerando as mesmas lojas. Na prática, houve um acréscimo de receita de 5%, descontada a inflação, por causa da abertura de 16,5 mil novas lojas.
"Foi o pior Natal em cinco anos", afirmou o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.
 
 
 
Vestuário. Os artigos de vestuário mostram o ânimo deste Natal. Todos os anos, esses são os itens preferidos pelo consumidores como presentes. Mas, neste ano, as lojas de artigos de vestuário, que predominam nos shoppings, registraram queda de 2% nas vendas em relação ao Natal de 2012, levando-se em conta as mesmas lojas.
 
"A volúpia de compras acabou. Há uma acomodação do consumo", observou o diretor de Relações Institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva. Segundo ele, a nova classe média, que puxou o consumo nos últimos anos, agora está fazendo apenas compras de reposição.
 
"Já imaginávamos que o Natal seria fraco, mas o resultado foi menor do que esperávamos", disse o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Na avaliação dele, esse desempenho resultou da combinação de vários fatores desfavoráveis para o consumo: inflação alta, juros subindo, crédito mais apertado e endividamento excessivo. O resultado foi a perda de fôlego nas vendas. "O desempenho do Natal é mais uma evidência de que esse modelo de crescimento baseado no consumo não é sustentável, se não vier acompanhado do investimento."
 
Também para o economista da Boa Vista Serviços, Flávio Calife, um modelo só baseado no consumo não se sustenta. Mas ele pondera que o governo já começou a rever esses parâmetros. De toda forma, o desempenho de vendas da semana do Natal deste ano ficou abaixo do previsto, segundo a Boa Vista. A pesquisa feita pela empresa mostra um aumento de 2,5% no número de consultas em relação a igual período de 2012. No ano passado, o crescimento foi de 4,1% e os lojistas estavam esperando 3%. "Foi o pior crescimento", disse Calife.
 
O SPC Brasil também registrou a frustração dos lojistas que vendem a prazo. O acréscimo no número de consultas foi de 2,9% em relação a 2012 e a expectativa era crescer 5%. "O cenário econômico é desfavorável e os dados indicam que a inflação pesou no bolso dos consumidores. Os juros estão mais altos e a massa salarial já não cresce com tanto vigor, o que é fundamental para aquecer o consumo", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC.
 
Tíquete. A maior cautela do consumidor para ir às compras apareceu no valor médio das compras. Segundo a Alshop, houve queda de 10% no tíquete em relação ao Natal de 2012. Nos shoppings populares, o gasto médio por compra variou entre R$ 35 e R$ 55. Já nos shoppings de classe média, o tíquete ficou entre R$ 75 e R$ 125.
 
Para o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, o desempenho do Natal não surpreendeu. "O comércio já vinha dando sinais de desaceleração, por causa da menor geração de emprego e renda e do crédito mais contido." Pesquisa da ACSP mostrou que, pela primeira vez, o principal destino da segunda parcela do 13.º salário seria a poupança. Na quinta-feira, 26, a entidade divulgou o índice de confiança do consumidor deste mês, com queda de 4 pontos, retornando ao nível de junho.
 
 
 
 
 
 
Fonte: economia.estadao.com.br
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 

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